Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram uma tecnologia inédita que transforma o líquido da castanha de caju (LCC) em um combustível alternativo para uso em indústrias siderúrgicas. A inovação, já patenteada, promete reduzir significativamente o uso de derivados de petróleo e a emissão de gases poluentes.
O projeto foi desenvolvido no Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC, durante o doutorado de Leandro Miranda Nascimento, sob orientação do professor Diego Lomonaco, que destaca: “O LCC entra como colaborador no processo siderúrgico, substituindo o carvão mineral por uma fonte sustentável de carbono”.
Além de ambientalmente vantajosa, a tecnologia também se mostra economicamente eficiente. O LCC não gera cinzas, o que facilita o pós-processamento industrial e reduz resíduos. Sua integração com os sistemas industriais atuais é direta — característica conhecida como "plug and play".
Outro diferencial está na neutralidade de carbono: o CO₂ emitido pela queima do LCC já foi previamente capturado pelas plantas de caju, tornando o processo neutro em carbono, ao contrário dos combustíveis fósseis, que liberam carbono armazenado há milhões de anos.
???? Benefício social e econômico
O Ceará é o maior produtor de castanha de caju do Brasil, responsável por 71,2% da produção nacional. Essa abundância coloca o estado em posição estratégica para liderar uma nova cadeia de valor em energias renováveis a partir de resíduos agrícolas.
Nesse contexto, municípios como Choró, um dos mais pobres do estado, podem se beneficiar enormemente. Com políticas públicas de incentivo à inovação, educação técnica e sustentabilidade, cidades como Choró têm potencial para transformar suas realidades socioeconômicas. Para isso, é essencial que gestores públicos ajam com competência e visão de longo prazo.
A patente da tecnologia é compartilhada entre a UFC e empresas parceiras, que contribuíram com o desenvolvimento prático e testes de aplicação. A expectativa agora é negociar o licenciamento para produção em escala industrial.
“O setor siderúrgico é um dos mais poluentes do mundo. Essa tecnologia representa uma oportunidade real de mudar esse cenário com base em ciência nacional e recursos locais”, afirma Lomonaco.