O coração da Igreja Católica bate mais devagar desde a última segunda-feira (21), quando o papa Francisco partiu aos 88 anos, vítima de um AVC. Seu adeus deixa um silêncio profundo e uma multidão emocionada. O funeral do pontífice será celebrado no próximo sábado (26), conforme anunciou o Vaticano nesta terça-feira (22), mas a partir de quarta-feira (23), a Basílica de São Pedro estará aberta para aqueles que desejam dar seu último adeus ao papa que conquistou o mundo com sua humildade e coragem.
A missa fúnebre será presidida às 10h (5h em Brasília), na imponente Praça de São Pedro, diante da basílica onde Francisco fez sua última aparição pública no Domingo de Páscoa, apenas seis dias antes de partir. Ali, onde tantas vezes falou sobre amor, compaixão e justiça, seus fiéis se reunirão mais uma vez — desta vez, em silêncio e oração.
Desde que faleceu na residência de Santa Marta, o corpo do pontífice repousa em sua capela particular. As primeiras imagens divulgadas pelo Vaticano mostram Jorge Mario Bergoglio com semblante sereno, vestindo uma casula vermelha e mitra branca, o rosário entre as mãos e dois guardas suíços à sua guarda, como se o mundo inteiro estivesse ali velando seu descanso.
Última jornada
A despedida pública começa na quarta-feira às 9h (hora local), quando o corpo será conduzido da Capela da Casa Santa Marta até o altar da Basílica de São Pedro. Uma breve oração, conduzida pelo camerlengo cardeal Kevin Joseph Farrell, dará início à procissão. A urna será levada pelas praças Santa Marta e dos Protormártires Romanos até a porta central da basílica, onde os fiéis poderão se aproximar em respeito, lágrimas e fé.
Francisco, que sempre recusou pompas e privilégios, escolheu como local de sepultamento a basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, um lugar querido por ele. Sua lápide será simples, como sua vida: apenas a palavra “Franciscus”, em latim, gravada em pedra — uma despedida silenciosa de quem falou tanto com gestos.
Um adeus do mundo todo
Cerca de 500 mil pessoas são esperadas em Roma para se despedir do primeiro papa latino-americano. Chefes de Estado e monarcas de diversos países também confirmaram presença. Donald Trump, Emmanuel Macron e Volodimir Zelensky estarão entre os presentes. “Estamos ansiosos para estarmos lá!”, declarou Trump, ecoando o sentimento de milhões.
Embora o agravamento de sua saúde tenha sido notado desde fevereiro, com uma internação longa devido a uma pneumonia, sua morte surpreendeu e entristeceu profundamente a Igreja e seus fiéis. Jornalistas de todo o planeta se reuniram no Vaticano desde cedo, enquanto a praça vai se enchendo de flores, orações e lágrimas.
O luto, no entanto, já dá lugar à preparação para o futuro. Em até 20 dias, o conclave deve começar. Dos 135 cardeais eleitores, mais de dois terços foram nomeados por Francisco, o que garante que sua influência seguirá viva por muitas décadas.
Legado de Francisco: o papa dos últimos
O mundo não se despede apenas de um líder religioso, mas de um símbolo. Francisco foi chamado de “revolucionário” pelo jornal britânico The Guardian. Ele enfrentou a dor dos marginalizados, abraçou os migrantes, defendeu a Terra e os pobres, sempre com a voz firme e o olhar manso. Em suas atitudes, ensinou que a fé anda de mãos dadas com a justiça social.
Lionel Messi, seu conterrâneo e admirador, escreveu no Instagram: “Obrigado por tornar o mundo um lugar melhor. Vamos sentir sua falta.” E sentimos mesmo. “O papa dos últimos”, estampam as manchetes italianas nesta terça-feira. Ele foi voz dos esquecidos, amparo dos aflitos, esperança dos que já haviam perdido quase tudo.
“Ele nos encorajava, os migrantes, com palavras de acolhimento”, disse emocionada Marisela Guerrero, venezuelana que migrou ao Chile. Era assim: o papa que ouvia. Que acolhia. Que chorava com os que choram.
Seu legado é vasto: combateu com coragem os abusos dentro da Igreja, promoveu o papel das mulheres, dos leigos, e nunca se recusou ao diálogo — nem mesmo com aqueles que pensavam diferente.
Francisco não foi apenas um papa. Foi uma presença. Uma chama acesa em tempos escuros. E agora, o mundo todo curva a cabeça para dizer: obrigado. E adeus.
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