Se faltar remédio, o paciente espera. Se faltar maca, ele aguenta. Mas quando falta gente para cuidar, o hospital vira caos. No Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, o buraco é mais embaixo: faltam cerca de 350 técnicos de enfermagem só pra chegar no “mínimo ideal”. E olha que nem estamos falando de luxo, só do básico mesmo pra manter a UTI de pé e a emergência sem virar um jogo de sobrevivência.
A superintendente do hospital, Riane Azevedo, não esconde o drama: com tantos leitos fechados e corredores lotados, abrir alas virou sonho — ou seria pesadelo? “Temos 66 leitos bloqueados. Só pra dar conta deles e do que já falta, precisaríamos de mais umas 350 pessoas”, calcula. Isso sem contar que tem paciente entubado esperando vaga em sala improvisada. E o nome da sala? Laranja. Mas o clima lá dentro é vermelho: emergência sempre no limite.
Pra piorar, tem fila de exame dando nó. São 17 mil esperando ressonância lombar e 12 mil por uma tomografia de crânio. “Aumentamos de 350 pra 850 exames por mês, mas ainda é pouco”, diz Riane, tentando fazer mágica com o que tem.
E os concursos? Chamaram todo mundo, até reserva. Mas ainda falta braço. E sem cooperativa, é no suor dos concursados que a coisa anda — ou manca.
Será esse o Ceará forte que o povo pediu? Porque se é pra ser potência com enfermeiro exausto e leito trancado, talvez seja hora de revisar esse roteiro. Afinal, até máquina quebra se não tiver manutenção. Imagina gente.