A angústia de Kathelen Tavares começou na sexta-feira (28), no Hospital Municipal Mariska Ribeiro, em Bangu. Mãe de gêmeas, ela havia se preparado psicologicamente para ter mais dois filhos. A descoberta da nova gestação foi comemorada, e todos os exames e consultas a confirmaram como uma gestação gemelar. Mas, ao dar à luz, o choque: apenas um bebê. Segundo Kathelen, os fetos pareciam saudáveis, os batimentos cardíacos eram distintos e, durante o parto, ela ouviu dois corações. No entanto, ao ouvir apenas um choro de bebê após o nascimento, foi informada de que só havia um. A documentação do pré-natal mostra que ela compareceu a dez consultas na Clínica da Família, e todos os registros indicam dois bebês. A ultrassonografia realizada em dezembro do ano passado, feita em uma unidade de saúde em Realengo, apontava dois fetos com batimentos cardíacos diferentes e até variações no tamanho do fêmur. Como explicar tudo isso?
O exame de Kathelen, que indicava que ela estaria grávida de gêmeos, foi classificado como errado pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz. Ele tentou dar uma explicação técnica para o erro, mas a justificativa parece um pouco forçada: “Foi uma cesariana com uma equipe médica completa, com os enfermeiros, e só tinha um bebê e uma única placenta. O que aconteceu foi uma confusão no primeiro ultrassom, com o saco gestacional e com o cardiotoco, que é um exame que escuta o bebê. Então, ele [o profissional que fez o exame] escutou o batimento em dois pontos diferentes do abdômen”, disse Soranz em entrevista ao Bom Dia Rio. Para piorar, ele alegou que a placenta foi enviada para perícia para tentar comprovar que só havia um bebê. “É um único feto, é uma única placenta. A placenta também foi para a perícia, para análise, para a gente poder ter mais um documento que comprove. Também teve fotografia no momento do parto para garantir que era só um bebê.” Será que essas provas são suficientes para apagar todas as dúvidas?
Diante de tantas informações conflitantes, fica a pergunta: onde foi que o erro aconteceu? Kathelen, desesperada, já fez a denúncia à Polícia Civil, buscando respostas. E, com tantos exames apontando para uma gestação gemelar, não é difícil de entender o seu desespero. Afinal, é uma história no mínimo curiosa, para não dizer suspeita. No fim das contas, quem sabe, essa confusão toda se torne uma piada entre a família — pelo menos, se algum dia as explicações aparecerem...